Qual é a Melhor Guitarra com Microafinação? Guia de Opções

Se você chegou até aqui, provavelmente busca expandir seus horizontes musicais além das 12 notas tradicionais. A procura pela melhor guitarra com microafinação, contudo, não leva a uma prateleira de loja.

Guitarras com essa característica são instrumentos de nicho, quase inexistentes no mercado de massa. Este guia definitivo não vai listar produtos que não existem. Em vez disso, vamos educar você sobre o que é a microafinação e, mais importante, apresentar os caminhos práticos para alcançar essas sonoridades únicas: desde modificações e guitarras customizadas por luthiers até o uso de tecnologia digital como pedais e software.

A microafinação refere-se ao uso de intervalos musicais menores que um semitom, a menor distância entre duas notas na escala cromática ocidental padrão (como entre um Dó e um Dó sustenido).

Enquanto a música ocidental se baseia no sistema de 12 tons de temperamento igual, muitas culturas ao redor do mundo, especialmente na música oriental, indiana e do Oriente Médio, utilizam escalas com 17, 19, 22, ou mais notas por oitava.

Isso cria texturas e emoções sonoras impossíveis de replicar em um piano ou guitarra padrão.

Este universo sonoro se destina a músicos que sentem as limitações do sistema de 12 tons. É ideal para guitarristas de rock experimental, como os da banda King Gizzard & The Lizard Wizard, compositores de vanguarda, entusiastas da música do mundo que desejam tocar escalas como o Maqam árabe ou o Raga indiano, ou qualquer artista em busca de uma paleta harmônica completamente nova.

Se você quer que sua guitarra produza sons que o público nunca ouviu antes, a microafinação é o seu campo de exploração.

A resposta curta é economia de escala. Grandes fabricantes como Fender, Gibson e Ibanez projetam seus instrumentos para o maior mercado possível, que utiliza massivamente a afinação padrão.

A colocação de trastes é um processo de fabricação preciso e padronizado. Criar uma linha de produção para guitarras com 24 trastes por oitava, por exemplo, seria um investimento enorme para um público extremamente nichado.

Além do custo, há a complexidade de design e tocabilidade. Uma escala com trastes extras pode ser visualmente confusa e exigir uma adaptação técnica significativa do músico. A padronização em 12 tons tornou a música ocidental acessível e intercambiável entre instrumentos.

Afastar-se desse padrão significa entrar em um território que, para a indústria, representa mais risco e menos retorno financeiro. Por isso, a solução não está nas grandes marcas, mas em caminhos mais personalizados.

Felizmente, a ausência de produtos de prateleira não significa o fim da linha. Existem três rotas principais para explorar a escala microtonal na guitarra. Cada uma atende a um perfil diferente de músico, com diferentes níveis de custo, compromisso e flexibilidade.

As opções são:

• Guitarras Customizadas: Encomendar um instrumento de um luthier com trastes personalizados.
• Modificação de Guitarra: Adaptar um instrumento existente, seja adicionando trastes ou tornando-o fretless.
• Alternativas Digitais: Usar pedais de pitch shifter ou software (DAW com plugins VST) para alterar a afinação eletronicamente.

Este é o caminho para o músico que tem uma visão sônica clara e o orçamento para realizá-la. Um luthier pode construir uma guitarra do zero ou modificar um braço existente para incorporar sistemas microtonais.

A opção mais comum é a adição de trastes extras entre os trastes padrão, permitindo notas de um quarto de tom. Isso é ideal para quem quer tocar música oriental ou explorar escalas específicas sem perder a familiaridade do layout padrão.

Outra abordagem é o sistema de trastes móveis ou braços intercambiáveis, que oferecem flexibilidade máxima para alternar entre diferentes sistemas de afinação. Existe também o sistema True Temperament, com seus trastes curvos, que foca mais em alcançar a afinação justa para uma entonação perfeita do que em criar novas escalas, mas demonstra o nível de customização possível.

A luthieria é para o profissional ou o entusiasta dedicado que sabe exatamente quais intervalos quer e está disposto a investir em um instrumento único e definitivo.

Para quem deseja experimentar sem o compromisso financeiro ou a permanência de uma modificação, a tecnologia digital é a melhor porta de entrada. Pedais de pitch shifter, especialmente os mais avançados, permitem alterar a afinação em incrementos de 'cents' (1/100 de um semitom).

Um pedal como o DigiTech Whammy, por exemplo, pode ser usado para bends precisos de um quarto de tom, enquanto unidades mais complexas como o Eventide H9 ou o Meris Hedra permitem criar harmonias microtonais complexas e programar escalas customizadas.

Esta solução é perfeita para o produtor musical em home studio ou para o guitarrista de banda que precisa de versatilidade. Você pode usar a microafinação em uma música e voltar para a afinação padrão na seguinte, tudo com o toque de um botão.

A principal desvantagem é a possibilidade de artefatos digitais ou latência, especialmente em pedais mais baratos. O som pode não ser tão orgânico quanto o de uma corda vibrando sobre um traste real, mas a flexibilidade e o baixo custo de entrada tornam esta a opção mais prática para a maioria dos músicos curiosos.