Qual É a Melhor Cerveja de Abadia: Guia do Estilo

Escolher uma cerveja de abadia pode parecer complexo, mas este guia vai direto ao ponto. Aqui, você não encontrará apenas uma lista de rótulos. Você aprenderá o que define este estilo histórico, conhecerá em detalhes uma excelente cerveja nacional que o representa e entenderá as diferenças que guiarão sua próxima compra.

O objetivo é dar a você o conhecimento para apreciar e escolher a sua cerveja de abadia ideal.

Uma cerveja de abadia refere-se a um estilo com raízes nos mosteiros da Bélgica. Historicamente, monges produziam cerveja para consumo próprio e para arrecadar fundos. Hoje, o termo é mais amplo.

Ele descreve cervejas produzidas por cervejarias comerciais que seguem essas receitas tradicionais, muitas vezes sob licença de uma abadia existente ou em homenagem a uma que já não existe.

A principal característica é o uso de leveduras de alta fermentação, que produzem sabores e aromas complexos, frutados e condimentados.

Essas cervejas são conhecidas pelo teor alcoólico mais elevado e pelo corpo robusto. Elas não buscam o amargor do lúpulo como foco principal. Em vez disso, a estrela é a complexidade que vem da interação entre os maltes especiais e o trabalho da levedura.

Você pode esperar notas de frutas passas, banana, cravo, caramelo e pão, dependendo do subestilo. Algumas cervejarias belgas usam o selo "Cerveja Belga de Abadia Certificada" (Erkend Belgisch Abdijbier), que impõe regras, como o pagamento de royalties a uma abadia, mas muitas excelentes cervejas de estilo abadia em todo o mundo não possuem este selo.

Para ilustrar o que uma cerveja de abadia oferece, analisamos um rótulo nacional que representa bem o estilo. A Cerveja Benedita, da cervejaria mato-grossense Louvada, é uma Belgian Dubbel que serve como uma excelente porta de entrada para este universo rico em sabores.

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A Louvada Benedita é uma cerveja escura e complexa que captura a essência de uma Belgian Dubbel. Visualmente, ela apresenta uma coloração marrom avermelhada com uma espuma bege, densa e persistente.

No aroma, ela entrega exatamente o que se espera do estilo: notas intensas de frutas escuras secas, como uvas passas e ameixas, combinadas com um fundo de caramelo, toffee e um toque condimentado que remete a cravo.

É um convite olfativo que prepara o paladar para uma experiência rica.

Esta cerveja é a escolha ideal para quem deseja sair do comum e explorar sabores mais sofisticados na cerveja artesanal. Se você já aprecia cervejas de trigo ou outras ales e busca o próximo passo em complexidade, a Benedita é perfeita.

Ela também agrada aos amantes de vinhos tintos encorpados, devido ao seu perfil frutado e teor alcoólico de 7,5% que aquece o corpo. Para o consumidor que procura uma cerveja nacional de alta qualidade para uma ocasião especial ou para uma harmonização gastronômica, este rótulo oferece uma experiência completa sem a necessidade de buscar uma cerveja belga importada, unindo tradição e produção local.

Dentro do universo das cervejas de abadia, os nomes Dubbel, Tripel e Quadrupel indicam diferentes níveis de intensidade, cor e teor alcoólico. Conhecê-los ajuda você a escolher a cerveja certa para cada momento.

• Dubbel: Geralmente uma cerveja de cor âmbar escura a marrom, com teor alcoólico entre 6% e 8%. Seu perfil de sabor é dominado pelo malte, com notas de caramelo, toffee e frutas escuras como passas e ameixas. A Benedita Louvada é um exemplo clássico deste estilo.
• Tripel: É mais clara, com uma cor que vai do dourado ao âmbar. O teor alcoólico sobe, ficando entre 8% e 10%. O sabor é mais condimentado, frutado (banana, pera) e com uma presença de lúpulo um pouco maior que a Dubbel, resultando em um final mais seco e amargo.
• Quadrupel (ou Abt): A mais potente de todas. É uma cerveja escura, complexa e com teor alcoólico acima de 10%. Oferece uma sinfonia de sabores que incluem malte intenso, frutas escuras, melaço e álcool bem inserido. São cervejas de guarda, que evoluem com o tempo na garrafa.

A confusão entre cerveja de abadia e cerveja trapista é comum. Cerveja Trapista é uma denominação de origem controlada, não um estilo. Para receber o selo "Authentic Trappist Product", a cerveja deve ser produzida dentro dos muros de um mosteiro da Ordem Trapista, sob a supervisão dos monges, e os lucros devem ser destinados à subsistência do mosteiro ou a obras de caridade.

Existem pouquíssimas cervejarias trapistas no mundo.

Já a cerveja de abadia é uma categoria mais ampla que se refere ao estilo. Qualquer cervejaria pode produzir uma cerveja no estilo de abadia, seja recriando uma receita antiga ou apenas se inspirando na tradição monástica.

Portanto, toda cerveja Trapista é, em seu estilo, uma cerveja de abadia, mas a grande maioria das cervejas de abadia disponíveis no mercado não é Trapista. Elas seguem o perfil de sabor, mas não as regras de produção e origem.

A complexidade das cervejas de abadia as torna excelentes parceiras para a gastronomia. A regra geral é buscar harmonizações por semelhança, combinando os sabores da cerveja com os do prato, ou por contraste, usando a cerveja para cortar a gordura ou complementar um sabor oposto.

Para uma Belgian Dubbel como a Louvada Benedita, as possibilidades são muitas.

• Queijos: Combine com queijos semiduros e de média maturação, como Gouda, Gruyère ou um Provolone suave. As notas de caramelo da cerveja complementam o sabor dos queijos.
• Carnes: Carnes vermelhas assadas ou grelhadas, como um rosbife ou uma costela suína, são ótimas pedidas. O dulçor do malte equilibra o salgado da carne, e a carbonatação ajuda a limpar o paladar.
• Pratos condimentados: Pratos com especiarias e um toque agridoce, como um pato com laranja ou algumas receitas da culinária marroquina, funcionam muito bem.
• Sobremesas: Harmonize com sobremesas à base de chocolate meio amargo, caramelo ou frutas secas, como um brownie, um crème brûlée ou um bolo de nozes.